Natiruts: a força do positivismo quando mais precisamos dela

Natiruts: a força do positivismo quando mais precisamos dela

Numa noite fria que já anunciava a chegada do inverno, os fãs aguardavam ansiosamente o início do concerto para o qual os bilhetes esgotaram, num ambiente de animação e expectativa. Havia uma grande antecipação para a estreia alemã da banda reggae de Brasília no YAAM, onde nesse dia se ouvia falar maioritariamente em português e se encontraram muitas caras conhecidas.

Os Natiruts lançaram no ano passado o seu último álbum, Índigo Cristal, marcado por uma direção mais mística e espiritual, que reflete o amadurecimento da banda, que conta já com mais de 22 anos de existência.

Fotos: Mari Vass

Mas quem se preocupava com o fato de poder ser um concerto de promoção das mais recentes canções, acabou por não se desiludir e “encher a barriga” com os clássicos de sempre como Presente de um Beija-Flor, Andei Só, Quero Ser Feliz Também e a eterna Liberdade Pra Dentro da Cabeça, um êxito de 1998.

A banda regressou ao palco depois de um requisitadíssimo encore, terminando o concerto com Dois Planetas, do último álbum, e Sorri, Sou Rei, entoado em coro pela a banda juntamente com o público, que trazia um sorriso coletivo estampado no rosto.

Tal como seria de prever, tendo em conta o período de tensão que o Brasil atravessa atualmente - e o teor político de várias letras da banda liderada por Alexandre Carlo - este apelou ao voto consciente ao longo do concerto e incitou o público a entoar o famoso “Ele Não”, que se refere ao movimento contra a possível eleição do infame candidato Bolsonaro à presidência. Entre mensagens de otimismo, respeito e tolerância, a banda reforçou a importância do voto dos brasileiros como sendo decisivo para o futuro do país.

Partilho por fim, uma das citações mais marcantes da noite, por parte de Alexandre Carlo, que ecoou na sala e nos corações de todos os presentes:


Quanto mais forte o discurso racista, mais fortes serão os negros.
Quanto mais forte o discurso homofóbico, mais fortes serão os gays.
Quanto mais forte o discurso machista, mais fortes serão as mulheres, Berlim!
Ele não!

Por Mariana Lima em parceria com a Berlinda.Org
Mariana é fascinada por línguas e expressões idiomáticas. Tradutora de profissão, tem um espírito de curiosidade aguçado. Por vezes sente-se culpada por não aproveitar melhor a oferta cultural da cidade. Chama casa a Berlim desde 2014.